Por Libia López INEWSRADAR
Mesmo diante de pesadas sanções econômicas impostas internacionalmente, a Rússia e a Venezuela continuam a estreitar seus laços estratégicos, desta vez com um foco mais incisivo na área militar. O governo russo anunciou planos para apoiar a Venezuela na fabricação de armamentos pesados, incluindo os emblemáticos fuzis de assalto Kalashnikov, símbolo da indústria bélica russa.
O projeto surge logo após a conclusão da construção de uma fábrica de munições em território venezuelano. A instalação foi realizada pela estatal russa Rostec, conglomerado industrial ligado ao setor de defesa. Segundo estimativas, a planta terá capacidade de produzir até 70 milhões de cartuchos por ano, todos no calibre 7,62 mm, utilizado amplamente nos fuzis AK.
A iniciativa foi anunciada em comunicado oficial pela Rosoboronexport, empresa responsável pelas operações de exportação e importação de material bélico da Rússia e que integra o grupo Rostec. No documento, a empresa destacou que a parceria com a Venezuela é baseada em uma “cooperação bem-sucedida e mutuamente benéfica”, que tem permitido avanços significativos na capacidade operacional das Forças Armadas venezuelanas.
“A Venezuela não apenas modernizou seu arsenal e equipamentos militares, como também elevou significativamente o nível de treinamento de suas tropas. Isso fortalece a capacidade do país em garantir sua soberania e combater eficazmente o narcotráfico e o crime organizado”, pontua a nota.
A aliança militar entre Moscou e Caracas não é recente. Iniciada ainda na década de 1990, a aproximação ganhou força a partir de 1999, com a chegada de Hugo Chávez ao poder e o início da chamada Revolução Bolivariana. Desde então, a Venezuela tem adquirido diversos sistemas de defesa russos, incluindo aviões de combate, helicópteros e tanques.
O novo passo da cooperação representa mais do que apenas um avanço tecnológico. Ele simboliza uma resposta geopolítica diante do isolamento promovido pelos Estados Unidos e por países aliados, tanto contra a Rússia quanto contra a Venezuela. Para analistas internacionais, a iniciativa fortalece a presença russa na América Latina e sinaliza uma intensificação da influência militar russa em regiões consideradas estratégicas.
Por outro lado, o anúncio também levanta preocupações na comunidade internacional, especialmente diante do atual contexto de instabilidade global. A possibilidade de produção local de armamentos em larga escala pela Venezuela pode alterar o equilíbrio de forças na região e acender novos alertas sobre o tráfico de armas e o fortalecimento de regimes com histórico de tensões com o Ocidente.
Enquanto isso, tanto Caracas quanto Moscou seguem apostando na narrativa de soberania e fortalecimento da defesa nacional. A produção de fuzis Kalashnikovs e munições no país latino-americano é mais um capítulo na duradoura aliança militar entre os dois países, com desdobramentos que ainda prometem impactar a geopolítica regional nos próximos anos.

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