Pelo menos 50 palestinos morreram na última segunda-feira (16), vítimas de disparos durante operações de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, segundo informações do Ministério da Saúde do território. Quase metade das vítimas foi atingida nas proximidades de um centro de distribuição de alimentos em Beit Lahia, no norte da região, administrado pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), uma organização apoiada pelos Estados Unidos.
O episódio ocorre em meio ao agravamento da crise humanitária no enclave palestino, após meses de intensos combates e bloqueios impostos por Israel. De acordo com médicos que atuam na região, pelo menos 23 pessoas foram mortas e outras 200 ficaram feridas em Rafah, ao sul de Gaza, em um dos pontos de entrega de ajuda. A área também era coordenada pela mesma fundação, que conta com proteção das Forças de Defesa de Israel (FDI).
Desde que Israel impôs um novo sistema de entrega de ajuda, após suspender parcialmente um bloqueio que já durava quase três meses, episódios de violência têm se repetido quase diariamente. Centenas de palestinos foram mortos enquanto aguardavam suprimentos essenciais como alimentos, água e medicamentos.
O governo israelense transferiu a responsabilidade por grande parte da logística da ajuda humanitária para a Fundação Humanitária de Gaza, que opera atualmente três centros de distribuição em zonas consideradas seguras pelas autoridades militares israelenses. No entanto, o modelo adotado tem sido duramente criticado por organismos internacionais.
As Nações Unidas se posicionaram de forma clara contra o novo sistema, alegando que a estratégia de entrega de ajuda por meio da GHF é "inadequada, arriscada e viola princípios fundamentais da assistência humanitária, como a imparcialidade e a neutralidade". Representantes da ONU afirmam que a centralização da distribuição em pontos específicos, sob controle militar, expõe civis a riscos ainda maiores em uma zona já devastada por conflitos.
Organizações humanitárias independentes também expressaram preocupação com o crescente número de mortes de civis em situações de busca por ajuda. Relatórios apontam para um colapso quase total da infraestrutura civil em Gaza, o que torna cada entrega de alimentos uma corrida desesperada pela sobrevivência.
A crise se agrava à medida que a população, enfraquecida pela fome e pela escassez de recursos médicos, continua exposta a ações militares. Moradores relatam que sair de casa em busca de mantimentos se tornou uma decisão de vida ou morte. Muitos dizem que evitam os pontos de distribuição por medo de novos ataques.
Enquanto isso, o número de mortos aumenta, e os apelos por um cessar-fogo e por uma distribuição de ajuda mais segura e coordenada continuam a ecoar na comunidade internacional.
📷 Foto: Dawoud Abu Alkas / Reuters
🔗 Fonte: Reuters
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